segunda-feira, 12 de abril de 2010

Falando sobre...

"Porque nos temperamentos sensíveis as alegrias do coração tendem a completar-se com as sensualidades do luxo; o primeiro erro que se instala numa alma até aí defendida, facilita logo aos outros entradas tortuosas - assim, um ladrão que se introduz numa casa vai abrindo sutilmente as portas à sua esquadrilha esfomeada."
pág. 93

"Mas aquelas orações, que ela recitava em pequena, não a consolavam; sentia que eram sons inertes que não iam mais alto no caminho do céu que a sua própria respiração". pág. 169

"A pele empalidecia como um vidro de janela, por trás da qual lentamente uma luz se apaga" pág. 227



Dizer que O Primo Basílio é uma crítica à sociedade burguesa chega a ser um lugar-comum. No entando, o caráter das personagesns, os esterióticos representados por elas e a forma como interagem não fogem a isso.
Quanto ao filme, já ouvi falar que tem cenas bem quentes. Na verdade, o livro não é explicito, então, provavelmente o filme acentua o que fica subentendido, insinuado, porém, detido pelo fim do capítulo.

PS.: O Basílio é um canalha.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

Nada

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Àlvaro de Campos

Calvin!

"E aqui termina o nosso tempo. Continua o tempo de vocês..."

domingo, 28 de março de 2010

Dear Otto...

Engraçado... sempre começo a escrever contando sob que condições escrevo. Pois bem: escrevo-te fora de casa. Não é algo que necessariamente me causa incomodo, contudo, aí não deixa de estar. A sensação amanhã estará certamente esquecida, se já agora não estiver. Fica então o registro. Nossa casa está, nesse momento, inacessível.
Ocorreu-me ainda há pouco Dom Casmurro. Não a obra em si, talvez nem o trecho propriamente, porém o que ele me fez sentir. E o que é a obra senão isso? No trecho, Bentinho, que voltava de um encontro com Capitu, é chamado por um vizinho. Este avisa-o que seu filho, de certo modo amigo de Bentinho, acabara de morrer. A reação do rapaz seria a mais indiferente possível, não fosse o ódio que o toma quase que incontrolavelmente. ÓDIO. Como aquele homem poderia ter interrompido daquela forma seus sentimentos? Como interrompera, logo com aquela notícia, uma notícia de morte, a morte de um leproso, às lembranças tão bonitas e o amor que trazia consigo?! ÓDIO.
Lembro-me como me assustei com aquela demonstração de frieza, de egoísmo. É fácil chorar pelos outros, chorar os mortos alheios, se você pode gargalhar quando voltar pra casa. E eu também sou assim. Quanto ÓDIO já tive por ter minha felicidade interrompida pela dor dos outros, fosse ela qual fosse. Muito mais me entristecia o fato de ter que fazer-me triste quando eu não estava. O sofrimento, a partida e a ausência: nada me comovia. O que temi realmente foi a possibilidade de interromper minha vida, de atrapalhar o meu quotidiano com o fingimento de uma dor, como se de fato a sentisse. A preocupação era ver minha vida atrapalhada por uma outra, estivesse ela acabada ou não.
Escrevo essas palavras enquanto olho para uma imagem de Jesus, que de punhos marcados, acompanha ironicamente a frase: Jesus é Vida. Sei do sacrifício pela humanidade e me pergunto se Deus, assim como Jesus, que teve medo, sentiu-se abandonado, não teria igualmente qualquer tipo de sentimento humano, sendo Eles apenas Um.  Arrependimento? Porém, de quê teria Deus, que tudo sabe, tudo vê? Um Deus que até com uma rato esmagado consegue me esmagar. É muita pretensão, realmente.
Agora talvez bem mais que antes, você pense que sou cruel, esquecendo-se que a crueldade muitas vezes é quase uma necessidade, uma forma infeliz e gritante (de um rasgante sonoro) de manter-se de pé até quando não é mais possível.
Espero não tê-lo convencido de nada disso. Eu sei que parece o que não se diz.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O que dizer sobre esses dias... ?

 

Talvez eu me acostume a esse desespero que me esmaga e me consome paulatinamente.
Talvez eu me acostumente paulatinamente.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

 
                                                                          Maria Augusta

Era uma vez o amor, sem flores nem anéis...
Mata-lo-ia antes
Ou ele a mim?

Era uma vez o nosso amor, sem nada...
Se eu não o matasse
Você me sufocaria até o fim





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Clap Clap Clap




Ninguém até hoje perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo brasileiro. 
(H.L. Mencken)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Oi?

Sinceramente? Não sei por que parei de postar. Talvez o tempo tenha me esmagado nos últimos meses, talvez eu não soubesse realmente o que eu queria e o que me dava prazer. O certo é que voltei ("agora pra ficar... porque aqui, aqui é meu lugar" ). Enfim.

Lembro bem de uma postagem minha durante o carnaval do ano passado. Fui hipócrita e não deixei que percebem realmente o que eu sentia, na verdade, aquele post resumia-se apenas a uma frase feita, um lugar-comum, apresentado de forma até agressiva. Muitas e poucas coisas mudaram daquele post/tempo até aqui. Confuso?

Bem, alguém já disse que a vida inteira pode ser resumida em cinco minutos, quer dizer, todos os momentos sublimes de uma existência podem ser sintetizados em apenas cinco minutos. O resto é cotidiano, dia-a-dia... acordar; levantar; discutir e ouvir as portas baterem; ouvir a chuva e as chaves abrirem as mesmas portas. Esse resto constitui um amontoado de horas e nada mais. Engraçado... exatamente agora eu vejo em cenas rápidas, como flashs, todos esses momentos, não os momentos sublimes, mas estes, os cotidianos, o estúpido da vida.

Certo. Mas, e os grandes momentos? Sim, eles existiram. E é isso os tornam ainda maiores: eles passaram e eu agora os vejo integralmente. Talvez esse distanciamente até permita que eu os veja agora com maior imparcialidade, ou não, quem sabe eu os exalte ainda mais. O fato é que o maior momento da nossa vida é o agora. Não esses cinco minutos que você gasta pra me ler, talvez gaste até bem menos, mas o que você faz daqui por diante. É isso o que há e é que temos. Estranho, mas certas idéias jamais se desprendem de nós. "Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho". Porém, o que se pode fazer?

Será que vocês puderam entender? Esse é só o meu quintal ou eu, como sempre, enrolei a todos e continuo sem dizer nada a ninguém?



--> dri_elle, muito obrigada pelo comentário. =]